A Prof.ª Doutora Cristina Costa, neurologista desde 1993 e doutorada em Neurobiologia do desenvolvimento desde o ano 2000, juntou-se recentemente à equipa CNS. Partilhamos uma entrevista na qual dá a conhecer algumas das suas principais áreas de interesse, onde explica o benefício de alguns procedimentos que passará a realizar no CNS e da sua experiência enquanto atual Presidente da Sociedade Portuguesa das Doenças do Movimento (SPDMov).
A sua principal área de interesse é a das doenças hereditárias do sistema nervoso. Que doenças são estas e quais os tratamentos disponíveis? O que a atrai nestas doenças?
Prof. Doutora Cristina Costa (CC) – Tratam-se de doenças que podem passar de uma geração para outra, isto é, de pais para filhos, por uma alteração no DNA (mutação), mais exatamente num gene. Temos como exemplos: as Ataxias Hereditárias, as Paraparésias Espásticas Hereditárias e a Doença de Huntington.
Embora não exista ainda uma cura, estão a ser desenvolvidos muitos esforços para encontrar tratamentos eficazes que possam modificar o curso destas doenças. Enquanto isso não acontece, ainda temos muito a fazer para cuidar da pessoa afetada, como tratar dos seus sintomas e prevenir as futuras complicações, por forma a que tenha uma melhor qualidade de vida possível. No caso destas doenças, isso implica, muitas vezes, prestar assistência aos cuidadores e familiares também, isto é, prestar atenção ao doente e ao contexto familiar em que se insere.
Por outro lado, é para mim muito importante contribuir para aumentar o conhecimento das doenças raras, pelo que tenho colaborado na investigação clínica de algumas delas, em colaboração com outros colegas neurologistas e com grupos de investigadores de ciência básica.
Outra área de interesse é a administração de toxina botulínica orientada por ecografia. Qual a mais-valia deste procedimento e que doentes podem beneficiar desta técnica?
CC – Tenho tratado doentes neurológicos com toxina botulínica há mais de 20 anos e desde 2015 que utilizo a ecografia como método auxiliar em casos de distonias, por exemplo, cervicais ou dos membros, e de tremor dos membros superiores, bem como para o tratamento de sialorreia (quando é necessário reduzir a quantidade de saliva produzida através de injeção deste medicamento nas glândulas salivares). A ecografia é útil nestes casos por ser uma técnica não-invasiva, que ajuda a garantir que a toxina botulínica é administrada exatamente no músculo ou glândula pretendido/a, ao mesmo tempo que permite evitar atingir artérias e nervos adjacentes.
O que a motivou a juntar-se à equipa CNS? <br><br>
CC – O facto de poder trabalhar num centro especialmente dedicado às doenças neurológicas, com profissionais de alta qualidade e com uma equipa composta por vários especialistas, onde se investe na formação e na investigação clínica, que é uma referência dos cuidados neurológicos a nível nacional.
É atualmente Presidente da Sociedade Portuguesa de Doenças do Movimento (SPDMov). O que pensou quando assumiu esta responsabilidade? Como tem sido esta experiência?
CC – Foi uma grande honra para mim aceitar esse desafio, que tem em si uma grande responsabilidade. Fi-lo porque penso que posso contribuir para desenvolver ainda mais a SPDMov. Está a ser uma experiência enriquecedora, que conto levar a bom porto graças à excelente equipa com quem trabalho.