11/06/2021
No dia 7 de Junho de 2021 a agência do medicamento dos Estados Unidos (FDA) aprovou um novo medicamento para a doença de Alzheimer.
Para além da boa notícia da aprovação de um novo medicamento, passados 18 anos da disponibilização do último medicamento, este fármaco (aducanumab) é o primeiro medicamento que apresentou resultados que sugerem atrasar a progressão da doença.
É também com satisfação que partilhamos que o CNS-Campus Neurológico foi um dos centros, que em todo o Mundo, participaram nos ensaios clínicos que conduziram a esta aprovação. Alguns dos doentes que participaram nos ensaios continuam ainda a ser tratados com este medicamento.
Quem terá indicação para ser tratado com este novo medicamento?
Pessoas em fase inicial da doença de Alzheimer. A confirmação da doença terá de ser documentada com exames específicos (punção lombar ou PET cerebral).
Qual o benefício deste novo medicamento?
Este é um medicamento inovador por apresentar potencial para atrasar a evolução da doença. Nos ensaios clínicos, demonstrou reduzir as placas da proteína beta-amiloide no cérebro dos doentes, assim como estabilizar algumas queixas cognitivas e capacidade para realizar algumas actividades, por parte dos doentes. Infelizmente não é um medicamento que cure ou pare completamente a progressão da doença, mas pensa-se que em doentes bem selecionados possa atrasar ligeiramente a sua evolução.
Quando estará disponível?
Este medicamento foi agora aprovado pela agência do medicamento Norte Americana (FDA) e será posteriormente avaliado pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) antes de ser disponibilizado na União Europeia. Se aprovado pela EMA, terá depois de ser avaliado pelas autoridades do medicamento de cada país.
Existem riscos associados a este tratamento?
Como com qualquer medicamento, existem sempre efeitos secundários que podem ocorrer. Esses riscos foram identificados nos ensaios clínicos e determinaram, por exemplo, que se realizem ressonâncias magnéticas cerebrais periódicas para monitorizar alguns possíveis efeitos adversos.
Qual o papel do CNS?
O CNS-Campus Neurológico, bem como todas as unidades de saúde que se dedicam às demências terão, ainda mais, de contribuir para o diagnóstico das demências nos seus estádios iniciais e identificar os doentes melhores candidatos para este e outros medicamentos similares que possam vir a ser aprovados.
Caso venha a ser aprovado o uso do aducanumab na Europa, deve ser mencionado que este medicamento só será adequado para alguns doentes com características muito particulares. De qualquer forma, foi dado um passo muito importante que esperamos venha a contribuir para a melhoria dos cuidados a estes doentes e apoio aos familiares e cuidadores.
Unidade de Doença de Alzheimer e outras Demências do CNS
Dra. Joana Morgado e Dra. Camila Nóbrega