No dia em que assinalamos o Dia Mundial da doença de Parkinson, devemos destacar o papel fundamental do exercício na abordagem terapêutica desta doença.
A doença de Parkinson é uma doença neurológica que causa uma lentificação dos movimentos, frequentemente associada à presença de tremor e rigidez. Embora ainda não tenhamos disponível um tratamento que previna, cure ou atrase a progressão da doença, estudos em modelos animais e em pessoas com a doença sugerem consistentemente que o exercício pode melhorar os sintomas e atrasar a sua progressão
Embora o mecanismo exato pelo qual o exercício melhora os sintomas da doença de Parkinson ainda não seja totalmente conhecido, sabe-se que ele atua em múltiplas áreas cerebrais e em vários sistemas de neurotransmissores.
Diversos tipos de atividade física têm demonstrado benefícios na doença de Parkinson, nomeadamente caminhar, dançar, pedalar, nadar, praticar boxe, tai-chi, realidade virtual, entre outros tipos de exercício. Além dos benefícios globais do exercício para a capacidade cardiovascular e o humor, atividades específicas para a doença de Parkinson podem também melhorar a marcha (incluindo os episódios de bloqueio da marcha) e o equilíbrio, reduzindo o risco de quedas.
De forma simples, podemos dizer que os “melhores” exercícios são os aeróbios (ex. caminhar com passo acelerado) e aqueles que exigem movimentos de maior amplitude dos membros (ex. boxe, ténis de mesa). Alguns tipos de exercício, como a dança, permitem associar atividade física e mental, o que parece induzir benefícios adicionais em termos motores e intelectuais.
Apesar do benefício do exercício ser, hoje em dia, consensual, continua a ser pouco recomendado ou recomendado apenas em fases mais tardias da doença. Dado que a implementação de hábitos de prática de exercício requer uma mudança no estilo de vida, a sua prescrição deve ser feita o mais cedo possível, idealmente desde o momento do diagnóstico.
Neste Dia Mundial da doença de Parkinson, é muito importante conscientizar toda a comunidade de doentes, familiares e profissionais de saúde para o benefício do exercício.
O exercício deve fazer parte do tratamento padrão da doença e deve ser prescrito da mesma forma que são receitados outros medicamentos para a doença de Parkinson.
Prof. Doutor Joaquim Ferreira, Neurologista e Diretor Clínico do CNS – Campus Neurológico
Raquel Bouça-Machado, Coordenadora Científica do CNS – Campus Neurológico