O envelhecimento acarreta consigo diversos desafios, e a prevenção do declínio cognitivo nos idosos é uma das maiores preocupações no envelhecimento saudável. A perda gradual das funções cognitivas, que pode resultar em demência, está ligada a diversos fatores, desde o estilo de vida até predisposições genéticas. Sabemos hoje, através de estudos científicos, que quase metade (45%) destes fatores são modificáveis, e assim, há alterações no nosso comportamento, ao longo da vida, que podemos fazer para prevenir demências.
Numa fase mais precoce da vida (até aos 45 anos) o grau de educação (anos de escolaridade) está associado ao risco de demência, ou seja, quanto menor o grau de escolaridade, maior o risco de desenvolver demência.
Entre os 45 e os 65 anos de vida, são outros fatores que estão associados ao risco aumentado de demência: diabetes, hipertensão e altos níveis de colesterol no sangue. Desta forma, a promoção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação saudável e controlo destes fatores de risco, associada à evicção do consumo de tabaco e à redução de consumo de álcool, reduzem o risco de desenvolver demência mais tarde. A prática regular de exercício físico, particularmente a partir dos 45 anos, é fundamental para manter a saúde física, prevenir doenças cardiovasculares e também reduzir de forma muito importante o risco de desenvolver demência.
Já no idoso, além dos fatores referidos previamente, acrescenta-se outro aspeto crucial: o papel das interações sociais no combate ao declínio cognitivo. A convivência regular com familiares, amigos ou membros de uma comunidade, promove a saúde cerebral e é protetor contra o desenvolvimento de demência.
Portanto, a prevenção do declínio cognitivo depende de um conjunto de fatores que vão desde a estimulação intelectual e social, passando pela atividade física regular, até hábitos saudáveis como uma boa alimentação e o uso consciente de medicamentos. Envelhecer de forma ativa, com o cérebro e o corpo em movimento, é uma das melhores maneiras de garantir que os idosos mantenham a sua autonomia e qualidade de vida.
Dra. Laura Igreja, Medicina Geral e Familiar
CNS – Campus Neurológico